Celorico da Beira e as Invasões Francesas
No começo do último século voltaria Celorico da Beira a ser teatro de guerra, com as invasões francesas, sofrendo dias angustiantes na retirada dos invasores e sua perseguição pelos exércitos anglo-lusos. Em 1808 estiveram em Celorico as tropas de Loison, que retirava de Lamego. A terceira invasão, que entrou pela Beira, com o sacrifício da praça de Almeida, vítima de uma explosão, passou por Celorico da Beira. Massena ali esteve em Setembro de 1810, ocupando posições das quais desfrutava três meses antes de Wellington. O alto vale do Mondego, até á Guarda, foi sistematicamente ocupado por tropas britânicas e por tropas francesas, que jogaram alternadamente as suas posições, como se a topografia fosse um tabuleiro de xadrez. Em Março de 1811 esteve Massena mais uma vez em Celorico da Beira. Muitos episódios ficaram gravados na memória dos habitantes desta região, que os transmitiram verbalmente ou por escrito, como aconteceu nos inventários dos bens de algumas igrejas roubadas pelos franceses.
Wellington teve hospitais de sangue em Celorico e na Lageosa, servindo-se para tal das igrejas: na vila, a de Santa Maria (funcionou at6 1818 como hospital) e na Lageosa, a paroquial e uma casa solarenga. Também com os franceses algumas capelas deste concelho serviram de paiol da pólvora, ou de refúgio aos soldados. Em alguns casos, quando se retiraram, faziam-nas explodir, como a de Santo António, em Celorico da Beira, ou incendiavam-nas como a da Senhora da Anunciada, perto da antiga povoação do Curral, actualmente Aldeia da Ribeira. Perto de Fornotelheiro localizam-se cemitérios de guerra dos Franceses e dos Ingleses.
Os historiadores relatam, passo a passo, a retirada das tropas francesas com o avanço dos anglo-lusos.