Exposição dedicada a Carolina Beatriz Ângelo
De 6 a 31 de Março, esteve patente na Biblioteca Municipal de Celorico da Beira uma exposição dedicada a Carolina Beatriz Ângelo. No mês em que se celebra o Dia da Mulher, pretendeu-se assim homenagear a Mulher e relembrar uma pioneira que abriu um caminho de liberdade e afirmação de ideais, desafiando os costumes da sua época. O seu exemplo tem perdurado através dos tempos, e deverá inspirar todas as mulheres, pela sua coragem e determinação.
Carolina Beatriz Ângelo (1878 – 1911)
A 28 de Maio de 1911, foi a primeira mulher portuguesa a votar nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, facto que mereceu a cobertura de jornais de toda a Europa, admirados pela coragem desta mulher e pelo aparente rumo progressista da recém-criada República Portuguesa.
Nasceu na Guarda e licenciou-se em Medicina em 1902. Nesse mesmo ano contraiu matrimónio com o seu primo, Januário Barreto, com quem partilhou a profissão e os ideais republicanos. Foi pioneira na prática cirúrgica em Portugal e dedicou-se à ginecologia.
Em consonância com os ideais feministas e republicanos, aderiu, em 1906, ao Comité Português da Associação Feminina Francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes, agremiação que pretendia a resolução dos conflitos internacionais através de uma arbitragem exclusivamente feminina.
Em 1907, já claramente conotada com os círculos republicanos de Lisboa, Carolina Beatriz foi iniciada na Loja Humanidade da qual viria a ser Venerável.
Junto a outras companheiras de luta formou o quarteto de liderança desta ala feminina da Maçonaria em Portugal, grupo que veio a assumir-se como elite de um certo feminismo republicano, nem sempre encontrando eco no republicanismo português dominado por homens com pouca sensibilidade para as revindicações feministas, à época em pleno desenvolvimento não só em Portugal mas um pouco por todo o mundo ocidental.
Já viúva aquando da Revolução de 5 de Outubro, Carolina Beatriz, dirigente da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, encontrou nas primeiras eleições de 1911 uma oportunidade de conciliar os seus ideias sufragistas com o regime republicano e, ao abrigo da lei eleitoral vigente que postulava que o voto era um direito dos cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família, e após disputa com o poder político, favoravelmente arbitrada no Tribunal, conseguiu a inclusão do seu nome nos cadernos eleitorais da Comissão de Recenseamento do 2º Bairro de Lisboa.
A 28 de Maio de 1911, foi a primeira mulher portuguesa a votar nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, facto que mereceu a cobertura de jornais de toda a Europa, admirados pela coragem desta mulher e pelo aparente rumo progressista da recém-criada República Portuguesa.
Falecida poucos meses depois, a 3 de Outubro, nunca chegou a assistir às mudanças na lei eleitoral que paulatinamente foram permitindo o voto às mulheres até à abolição de todas as restrições, só conseguida após o 25 de Abril de 1974.